Mara e Sérgio entrevistam Maria Isabel
- Maria Isabel Gomes de Matos
- 16 de fev.
- 13 min de leitura
Atualizado: 15 de abr.
– Maria Isabel, quem é você?
Eu sou a Bebel!
Esse apelido de infância persistiu entre os familiares mais próximos e acabou por ser o nome pelo qual me chamam muitos de meus alunos. Por isso, no meu site de aulas e nas minhas
redes sociais surgiu o www.nasaladabebel.com.br.
Mas sou também a Mabel! Sim, este simpático apelido, uma contração de Maria Isabel, surgiu espontânea e carinhosamente de pessoas de convivência de minha filha, lá nos Estados Unidos.
De toda forma, independentemente de ser chamada de Maria Isabel – nome que muito aprecio, pois foi homenagem às minhas duas avós – ou pelos meus doces apelidos – Bebel ou Mabel, o que me agrada mesmo é ser identificada como a filha de Santino e Yone e, principalmente, como a mãe de Marcela.
Quanto a meus pais, este site explicita por si o motivo. Quanto à minha filha, cada dia que passa mais me encanto com sua personalidade, seu espírito superior, suas realizações.
Sinônimo de beleza, elegância e inteligência, advogada no Brasil e nos Estados Unidos, Marcela herdou sua capacidade jurídica de seu pai, Rosalvo, juiz de laureada. Mas ela resgata também muito dos avós. Como o avô Santino, tem especial talento para a área linguística, dominando com excelência e proficiência o inglês, o italiano e o espanhol. Como a avó Yone, a aptidão e a admiração pelas artes plásticas, design e criações independentes. Sua atuação profissional reflete a afeição ao pai e aos avós no exercício internacional do direito empresarial, proteção de marcas e fashion law.
– Bebel, como você se define?
Gosto de me definir como uma autêntica ítalo-brasileira. A cidadania italiana, para mim, é mais do que um efeito da consanguinidade. É realidade agregada à minha personalidade. A criação na família italiana, que jamais deixou de cultivar seus valores e costumes mais tradicionais, incorporou-se a mim de forma muito intrínseca.
Amo o Brasil, porém isso não impede que eu ame também a Itália. Embora tenha sincero orgulho patriótico de ser brasileira, muito me orgulho também de minha cidadania italiana, da minha "italianità", palavra conceituada como o sentimento de pertencer à civilização, à história, à cultura italianas e ter consciência desse pertencimento.
Com efeito, minha "italianità" está sempre presente, seja no meu jeito de ser, nos meus hábitos e costumes rotineiros, na religiosidade e coragem diante da vida.
No jeito de ser, minha "italianità" ressalta-se na sinceridade como valor inegociável; no bom humor com pitadas de ironia; na transparência das emoções e reações, traduzida em gestos amplos e expressões faciais marcantes; na espontaneidade e intensidade de um coração amoroso, que gosta de se derramar em elogios sinceros e afetuosos, em contrapartida à indignação, também expressada exagerada e impulsivamente, mas que, depois de manifestada, imediatamente desaparece.
Nos hábitos e costumes, minha "italianità" fica evidente em vários aspectos. O apreço pela família e pelas reuniões familiares. A importância da gastronomia: o encontro à mesa como uma celebração. A satisfação de brindar com uma taça de um bom vinho. (Uma taça, porque, para os italianos, o vinho deve ser apreciado moderadamente, com absoluta rejeição a qualquer exagero, pois o vinho é entendido como algo que se ama). O gosto pela música: música erudita, óperas, música popular de qualidade. A inclinação para apreciar "o belo" em todas as formas de manifestação artística. A valorização dos antepassados e de suas histórias de vida. O entusiasmo em passar adiante, para as novas gerações, todo o legado cultural recebido, seja quanto a valores, seja em algo mais prático, como compartilhar deliciosas receitas centenárias ou narrar contos tradicionais.
Quanto à religiosidade, que embasa resiliência e coragem diante da vida e de seus desafios, isso resgata muito da força dos meus antepassados, os quais, pelo bem da família, ousaram aventurar-se, atravessar o oceano rumo ao desconhecido e reiniciar suas vidas, com inusitado destemor e em árduo esforço de trabalho, tendo suas superações e vitórias alicerçadas na fé.
– Bebel, fale sobre sua profissão, sobre cargos ou funções que ocupou no decorrer do tempo.
Iniciei os meus estudos de língua portuguesa com meu pai, aos 11 anos de idade, lá em Uberaba, na Rua Bernardo Guimarães. Assim, aos 17 anos, já estava preparada para lecionar. Comecei então a ministrar aulas no Curso Professor Abedenago. Era um cursinho preparatório para os exames do “Madureza”. Esses exames eram oferecidos pelo Estado e destinavam-se a possibilitar a adultos, que não haviam tido a oportunidade de estudar na idade apropriada, obter o certificado de conclusão do ensino fundamental ou médio.
As provas eram muito difíceis, as aulas tinham de ser muito abrangentes. Foi uma experiência sensacional de ensino-aprendizagem, porque eu, com 17 anos, mais jovem do que todos os alunos, lhes ensinava norma-padrão e técnicas de redação e aprendia com eles grandes lições de vida, especialmente de superação de dificuldades.
Graduada em Letras (português e francês) pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras Santo Tomás de Aquino de Uberaba (Fista), fiz concurso para professora estadual, tendo lecionado na Escola Estadual Boulanger Pucci e na Escola Estadual Humberto de Alencar Castelo Branco, uma escola de referência. Posteriormente, ainda muito jovem, mas já experiente no estudo e no magistério, fui convidada a dar aulas na Faculdade. Foi uma das experiências profissionais de que me lembro com mais carinho.
No entanto, ao transferir-me para Belo Horizonte, tomei a decisão de exonerar-me dos cargos públicos de professora e afastar-me totalmente do magistério formal. Estava profundamente decepcionada com os rumos que os dirigentes do País começavam a impor ao ensino público. Presenciei, na verdade, o início da derrocada do ensino de qualidade nas escolas públicas. Ressalvado o esforço do diretor da escola onde então eu lecionava, o idealista e espetacular José Thomaz da Silva Sobrinho, as ordens diretivas de conteúdo vinham do governo federal. Assim, já não seria permitido determinar aos alunos a leitura de livros de excelência ou incentivar o amor à língua pátria.
Nada deveria ser ensinado de gramática. Os alunos não deveriam ser estimulados ao aumento do vocabulário ou ao desenvolvimento da redação a partir de raciocínios mais elaborados. Grosso modo: os alunos deveriam sair da escola como entraram. Como eu, muitos jovens professores àquela época, idealistas com o magistério público, imbuídos de uma missão de educar e instruir, perceberam o resultado desastroso que essas determinações trariam em breve e se afastaram do ensino público. Outros permaneceram, numa luta inglória.
Na Capital, inicialmente prestei concurso para o Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais (TJMG), tendo sido aprovada em 1º lugar. Em decorrência disso, tive o privilégio de trabalhar com Dr. Ricardo Arnaldo Malheiros Fiúza e Dr. Lakowski Dolga, no início da implantação da Escola Judicial Desembargador Edésio Fernandes do TJMG. Foi uma experiência inigualável e inesquecível.
Posteriormente, prestei concurso para a Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais (ALMG), lá trabalhando por mais de 30 anos. Na ALMG, tive a oportunidade de, concomitantemente às minhas funções de redatora-revisora, ministrar aulas de capacitação
para colegas servidores e para servidores de câmaras municipais, pela Escola do Legislativo.
O sucesso desses cursos me levou a ser convidada, constantemente, ao longo dos anos, a dar aulas em diversos órgãos públicos, no Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais (TJMG),
no Ministério Público Estadual, no Tribunal Regional Eleitoral (TRE-MG), na Secretaria de Planejamento e Gestão do Estado de Minas Gerais (Seplag-MG), no Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais (TCEMG). Além dessas atuações, sempre mantive uma salinha para aulas particulares, com classes nos fins de semana.
Jamais deixei o estudo do português e das matérias correlatas, como linguística textual, tendo feito muitos cursos de aperfeiçoamento e especialização nessas áreas. Estudar a nossa linda e amada língua portuguesa, passar esses conhecimentos para frente, colaborando com aqueles que querem aprender no aperfeiçoamento do seu desempenho linguístico – é o que amo fazer.
– Bebel, quando vamos à sua casa, mesmo para uma de nossas reuniões de trabalho de revisão, sentimos esse aconchego, essa tal "italianità" de que você fala. Sempre há uma receptividade sorridente e calorosa, uma sinceridade transparente em você, e há delícias a degustar e música suave a tocar. O que a música representa para você?
Falar em música faz-me pensar inicialmente em piano – amo esse instrumento. Contudo, há bastante tempo minha rotina de trabalho impede que eu me dedique à sua prática e aperfeiçoamento. Mas pensar em piano me evoca também a lembrança do Instituto Musical Uberabense e de D. Odette Carvalho de Camargos. Estudei com ela durante muitos anos, tendo concluído no Instituto todo o curso de piano: ginásio e ensino médio instrumental. D. Odette foi, todavia, mais do que uma professora espetacular, pois foi grande amiga de minha família por toda a vida. Uma curiosidade é que ela e meu pai fizeram algumas parcerias, a pedido de amigos, para compor algumas músicas (melodia dela, letra dele), como aconteceu com o hino da Escola Estadual Boulanger Pucci.
E, ao falar em D. Odette, não há como não recordar com saudade das ex-colegas do Instituto musical e principalmente da ex-colega e amiga Olga Maria Frange de Oliveira, a autêntica herdeira musical de D. Odette, a única que seguiu a trajetória de concertista e maestrina.
Respondendo objetivamente à pergunta, a música é algo muito importante para mim. Perpassa a minha vida, meu dia a dia. É companhia, é alegria, é ferramenta de equilíbrio, é auxílio indispensável para a meditação.
Entendo que as ondas sonoras são energias vibracionais poderosas que podem influenciar nosso estado emocional ou mental. Por isso, considero ser muito importante escolher bem o tipo de música que escutamos e, inclusive, a frequência em que é executada. Nada mais lindo e edificante do que músicas "clássicas" em 528 Hz.
– Bebel, sabemos que você gosta de escrever. Por que você não publica seus contos e versos?
Sempre gostei de escrever. Quando eu tinha 17 anos, tive um conto premiado. Foi uma surpresa para meus pais. A Secretaria de Estado de Educação do Ceará, por meio da TV Tupi, promoveu um concurso nacional para premiar com bolsas de estudo os melhores trabalhos com o tema "Coisas do Ceará". O título de meu premiado texto: Visão de amor do Ceará por olhos de neta distante e desconhecida.
Inscrevi-me sem pretensão. Meu pai, cearense, depois de sua mudança para o Sudeste, nunca mais quis voltar à sua terra natal. Não sei o motivo, talvez porque quisesse manter vivas apenas as imagens e cenas do passado, as quais relatava poeticamente para nós, nas lembranças de sua infância e adolescência. Por isso creio que eu, embora sem conhecer o Ceará, tenha conseguido traduzir no meu texto aquela ternura pelo rincão natal que permeava o coração de meu pai.
Depois disso, com o falecimento de meu irmão e de meu pai – aquilo foi um tsunami na minha vida – perdi o élan para escrever. Com exceção dos livros técnicos, daí para frente passei a escrever apenas para mim mesma. É minha terapia pessoal. É minha forma de disciplinar meu temperamento. Só recentemente decidi entrar num pequeno concurso de poesias (pequeno porque restrito aos sócios do Minas Tênis Clube de Belo Horizonte), que também teve a aceitação de primeiro lugar, mas me inscrevi apenas porque o tema era sobre a infância e, portanto, ainda a tradução de algo do passado.
– Bebel, você apresenta muitas memórias de sua infância e adolescência, nas
páginas do site. Fale agora um pouco do reflexo de sua infância e adolescência na
sua vida adulta.
Resumidamente, posso dizer que fui feliz demais na infância e na adolescência. Creio que foi paraíso demais... Paraíso em excesso! Por isso, quando as perdas vieram, quando os desafios chegaram, eu não estava adequadamente preparada para aquilo. Com efeito, não estava preparada para a realidade do mundo lá fora, para as malícias e rudezas da vida.
Uma carta do grande amigo de nossa família, Leonardus Smelle, que vou inserir logo abaixo, como homenagem a ele, encaminhada a mim logo após o falecimento de meu pai, bem demonstra que isso que digo não foi ilusão, foi mesmo uma realidade.
Não obstante, tenho de reconhecer que aquele paraíso semeou dentro de mim um potencial de força inimaginável. E preencheu tanto meu coração com amor e ternura que não deixou espaço para ressentimentos, rancores ou amargura – independentemente dos acontecimentos futuros, por mais estranhos e difíceis que tenham sido.
E tudo isso me trouxe duas consequências muito positivas. A primeira é que, espontaneamente, nem sei dizer como aconteceu, fui capaz de construir verdadeiras “famílias de coração” ao longo do tempo. Aqui em Belo Horizonte, esses meus amigos queridos são ilhas de preciosidades, que se unem a outras preciosidades, meus amigos de Uberaba e meus familiares.
A segunda foi meu entendimento de que não somos vítimas de nada nem de ninguém. Não somos heróis/heroínas tampouco. Somos apenas fractais em aprendizagem, passando neste mundo pelas experiências necessárias para a evolução de nossa alma.
Assim, sou grata a todas as experiências que vivi – às doces e às amargas. Sou grata também
a todos as pessoas que passaram até hoje pela minha vida. Ou foram “anjos” a contribuir e compartilhar (abençoados sejam!), ou foram “rudes professores” a ensinar duras lições.
Porém os “rudes professores”, literalmente, apenas passam por nossa vida (lições aprendidas, vamos em frente, sem olhar para trás). Já os “anjos encarnados”, ou seja, parentes e amigos irmanados pelas afinidades, esses permanecem para sempre, ou na saudade, caso já tenham partido para outro plano, ou na nossa vida cotidiana, enriquecendo e alegrando nossa existência, trazendo colorido à nossa jornada.
– Bebel, fale sobre como você se sente tendo mais de 65 anos.
Na minha opinião, de todas as etapas da vida, a melhor fase é a maturidade. Abençoados os
que podem saborear a velhice!
Nosso corpo sofre mudanças desfavoráveis e percalços de saúde aparecem. Não há como negar! Entretanto, em contrapartida, é o momento do autoconhecimento e do aperfeiçoamento espiritual. Com efeito, o corpo físico se ressente dos anos, mas os corpos emocional, mental e espiritual se equilibram.
Depois dos 65, algo maravilhoso acontece: tudo o que aprendemos com as experiências vividas até então se apura e conseguimos expressivas vitórias evolutivas.
Vamos ouvindo mais nossas intuições e menos nosso ego.
Vamos respeitando mais nossa vontade interior e acertando melhor nossas atitudes em relação aos outros, aprendendo a dizer “não”, quando assim o consideramos correto, bem como ficando de certa forma indiferentes a julgamentos alheios. Nessa faixa etária não nos interessamos mais, inclusive, em tentar convencer quem quer que seja sobre nossos valores, nossas convicções ou pontos de vista.
Vamos nos dando o direito de não insistir em conviver com pessoas que não demonstram sincera alegria com nossa presença ou que se posicionam em imaginário pedestal de virtudes, exigindo deferências, enfim, pessoas que não nos estimam de verdade, mesmo que tenham algum laço de parentesco conosco. Nem Jesus foi unanimidade! Sabendo disso, e a partir das lições dEle, mantendo manso nosso coração, sem ressentimentos, sem julgamentos, apenas compreendendo que aquelas pessoas não estão na nossa frequência de energia, podemos seguir em paz na construção de nossos dias, somando nossas luzes com aqueles que se sintonizam conosco.
Vamos definitivamente "fazendo as pazes" conosco mesmos, curando nossa "criança interior", nos autoperdoando por qualquer escolha, a posteriori considerada como não tendo sido a mais adequada, uma vez que sabemos que aquelas decisões antigas foram tomadas acreditando estarmos fazendo o melhor, visando ao nosso bem e ao bem dos demais.
Vamos compreendendo que projetos ou relacionamentos que não tiveram o desfecho idealizado, apesar de termos investido ali todo o amor e empenho, mesmo assim valeram a pena, porquanto, no mínimo, transfiguram-se em experiências valiosas para a evolução do espírito.
Vamos nos sentindo mais livres, nos desprendendo de preconceitos culturais, especialmente aqueles relativos à velhice. Que pena tenho dos que estabelecem limites: "Isso somente para o público-alvo até 65 anos" ou "Aplique-se isso apenas ao 'grupo de risco' de mais de 65 anos". Será que deve ser assim? Não creio, pois, aumentada a expectativa de vida, o que se denomina como “velho” muda de faixa etária. Na época machadiana, por exemplo, ter 40 anos era ser velho! Hoje, são centenas e centenas e centenas de centenários por aí, dançando, fazendo ginástica, viajando, estudando, com mentes mais lúcidas do que quando jovens, expandindo sua consciência e enfrentando a transição planetária em altas vibrações.
Vamos compreendendo que a felicidade depende apenas de nós mesmos. E mais: que a felicidade está no dia de hoje, no presente. Só existe o presente, que é o grande presente de Deus. O passado passa a ser história, a ser visitado com leveza, apenas como referência das experiências vividas. O futuro, esse não nos preocupa. Se os planos do Criador são perfeitos e se somos seres espirituais – imortais – habitando um corpo físico, com o que havemos de nos preocupar?
E, o mais importante, vamos ficando mais firmes na fé – fé na vida, fé em nós mesmos e fé em Deus.
– Bebel, você deixa transparecer que a fé é algo muito importante na sua vida. Fale sobre isso.
No "Sermão da Montanha" (Mateus 6:33) estão estas palavras de Jesus: "Mas buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão acrescentadas". Assim sendo, considero que a fé seja essencial.
E como exercer a fé? Para Santo Agostinho, a palavra religião deriva do verbo latino religare, no conceito de ligar de novo o homem a Deus. Nesse pensamento, creio que todas
as religiões do Bem são válidas. E cada pessoa deve ser livre para professar aquela em que
se sente mais confortada.
Meu coração se sente intimamente ligado à religião católica, no entanto, minha mente conforta-se com os ensinamentos kardecistas. Essa "junção", que para alguns pode parecer meio estranha, não o é para muitos que como eu assim caminham. Afinal, todas as religiões cristãs se irmanam nos dois mandamentos essenciais ditados por Jesus: "Amar a Deus sobre todas as coisas; amar ao próximo como a si mesmo."
Nestes tempos extraordinários que estamos atravessando, além da prática religiosa, além das ações efetivas de caridade (imprescindíveis), somos intimados a um esforço a mais para expandir nossa consciência. Para isso, a prática da meditação pode nos auxiliar.
Muitas canalizações têm trazido ressignificações importantes que nos levam à premência da libertação de crenças limitantes de nosso inconsciente e ao entendimento de que, se cada um de nós tem dentro de si a centelha divina, é nosso dever buscar a intensificação dessa luz.
Na minha maneira de pensar, portanto, a fé é essencial, e deve permear nosso dia, porque é através dela que encontramos a verdadeira paz de espírito e a força para superação de nós mesmos, buscando ser um pouquinho melhores a cada dia.
Assim, de tudo um pouco, alternadamente e sem exagero:
. como é fortalecedor iniciar o dia rezando o terço (ou o rosário, na quaresma) com Frei Gilson, às 4 da manhã, pela internet, com a companhia virtual de milhares de pessoas;
. como é edificador orar salmos pensando em Jesus, nosso Mestre Maior e Senhor;
. como é apaziguador cultivar um tempo de silêncio e depois meditar as letras hebraicas dos nomes de Deus, ouvindo Ana Bechoa;
. como é consolador rezar a Nossa Senhora, nossa doce mãezinha do Céu e amada intercessora, especialmente na hora do angelus, dizendo ave-marias mântricas;
. como é tranquilizador ouvir o passe virtual de Bezerra de Menezes e depois refletir sobre algum trecho do evangelho;
. como é inspirador elevar preces a Saint Germain, meditando com a chama violeta, aos anjos e arcanjos, a São Miguel, príncipe celeste e protetor, a nosso anjo da guarda, em especial, bem como aos nossos mentores espirituais, pois creio firmemente que não estamos sozinhos – somos amparados do início ao fim da caminhada.
Pela fé, a jornada fica mais leve, pois somos impulsionados a cumprir nossa missão de vida nesta toada bonita: um dia de cada vez, sem temor, sem arrependimentos, sem mágoas, com os olhos voltados para o Alto, em gratidão, e, ao mesmo tempo, voltados para os que convivem conosco, em fraterna empatia, com o coração em plenitude de amor e de alegria.

Trecho de carta de Leonardus Smeele
Uberaba, 23 de outubro de 1975
Maria Isabel,
Conheço uma moça que vivia feliz e realizada no seio duma família feliz e realizada. Não se ouviam palavras ásperas naquela família. Na escola, aquela moça gozava da amizade dos professores e das colegas. Para ela, cada dia era uma série de pequenos acontecimentos que aumentavam sua felicidade. De repente, aquela moça viveu em menos de 50 dias duas tragédias terríveis, que a abalaram até o âmago. De repente, aquela moça, mais criança do que moça, se viu colocada diante da morte. (...)


