ATALIBA GUARITÁ NETO – NETINHO
- Maria Isabel Gomes de Matos
- 24 de fev.
- 4 min de leitura
Atualizado: 2 de mar.
GOMES DE MATOS foi outro grande mestre do "Lavoura" no passado, inesquecível pela sua cultura e inteligência, recordado sempre pelos seus trabalhos em "Cupim Barbela e Gavião" e seus intocáveis artigos de fundo. Sua filha Maria Isabel Gomes de Matos herdou o talento do saudoso pai e nos enviou um Sedex, diretamente de BH.
"Uberaba, 12 de julho de 1999.
Maria Isabel. Sua carta muito me emocionou. Foi o melhor presente que ganhei pela minha persistência em 47 anos no jornal. Quando mostrei sua bela mensagem para Suzanne, ela fez quetão de publicá-la – com a foto de Santino e JK – no mesmo lugar do artigo de fundo, onde seu pai deu aulas de inteligência e cultura. E você é mesmo a herdeira de tanto talento. Sou-lhe grato e aceite um abraço do Netinho"
Cartão enviado por Netinho Guaritá a Maria Isabel
UMA LINDA CARTA que acabo de receber e me deixou todo orgulhoso. A carta é de Maria Isabel Gomes de Matos, a filha de meu saudoso e incomparável Santino Gomes de Matos, que atualmente reside com sua mãe Yone Passaglia Gomes de Matos – em Belo Horizonte. Que carta maravilhosa, que me permite repetir o chavão "filho(a) de peixe, peixinho é".
Maria Isabel, você me emocionou e agradeço suas lembranças da Crônica ao Meio Dia como também a reportagem do Estado de Minas a meu respeito, que tanto me envaideceu, confesso. Estou lendo todos os artigos de sua mãe, Dona Yone, publicados no "Degrau", jornal da Escola da Terceira Idade, que ela abrilhanta com sua inteligência reconhecida".
Crônica publicada na Coluna Observatório, do jornal Lavoura e Comércio, em 8 de julho de 1999.
"Lavoura 100 anos
Uberaba está mesmo cada vez mais em evidência, aqui pelas políticas das Alterosas, com seus três deputados estaduais, um deles Presidente da Assembleia Legislativa.
Assisti – de perto e ao mesmo tempo de longe, como sempre acontece com quem trabalha na Casa – à solenidade em homenagem aos cem anos do Lavoura e Comércio. Foi muito gratificante, principalmente para nós uberabenses, ausentes da terrinha natal, ver todos os políticos ligados a Uberaba, apesar das diferenças partidárias, unidos na mesma festa.
Tudo o que é de Uberaba nos emociona muito, especialmente quanto ao Lavoura, a quem meu pai teve sua vida tão intimamente ligada. E nesse momento é impossível novamente não pensar no Netinho.
A verdade é que um jornal é um ente mesmo mágico, com personalidade algo "humana", pois que possui corpo e alma. O corpo é sua forma e sua informação. A alma é a crônica da cidade, que atinge a emoção do leitor. E você, Netinho, é esse "coração" que dá alma ao Lavoura, aquele que faz surgir da letra fria do papel a alegria das festas, a tristeza das perdas, enfim, o sentimento de Uberaba.
Sem desmerecer a persistência dos donos do diário, somente a alma de um jornal consegue fazê-lo vivo por tanto tempo. Espero, portanto, sinceramente, que no centenário, o Lavoura preste justa homenagem a todos os que colaboram para o seu sucesso – mas seja mais enfático com nosso querido Netinho, que merece, hoje e sempre, a gratidão e o carinho não apenas das instituições, mas de cada uberabense.
Por ocasião da reunião na Assembleia, é claro que o assunto que em casa rendeu. Minha mãe ficou a rememorar velhos tempos. As amizades advindas do trabalho no jornal, as diversas lutas conjuntas, a ida de meu pai ao Rio de Janeiro, na época da segunda guerra, conseguindo convencer o DIP de Getúlio Vargas de que o jornal não deveria ser fechado como o queria o Bispo local, depois de ter sido veiculada a noticia verdadeira e comprovada de que um padre alemão transmitia mensagens como espião nazista; a satisfação que ele tinha de escrever os artigos de fundo, a coluna Cupim, Barbela e Gavião, engrandecendo a pecuária uberabense,
e posteriormente a Coluna Filológica. Na verdade, se o Lavoura é o testemunho da história de Uberaba, se faz parte da vida diária do cidadão comum, é parte inesquecível da vida daqueles que nele atuaram.
Suzanne Jardim, elegantíssima em seu discurso na Assembleia , disse qnue o cinquenténaro do jornal foi feita uma edição histórica de 200 página. Como não se se farão ao mesmo molde, uma retrospectiva dos cem anos, resolvi mandar para você uma foto de meu pai (Santino Gomes de Matos), muito interessante, com o então Presidente Juscelino Kubitschek, que o cumprivmentava por um discurso. Na verdade, se não fizerem rememorações oficiais, só o fato de o jornal chegar ao centenário já é mesmo o bastante, trazendo a certeza de que os ideais plantados pelos pioneiros estarão sempre vivos nas gerações que se sucedem.
O abraço e toda amizade da Maria Isabel.
Carta enviada por Maria Isabel a Ataliba Guaritá Neto (Netinho)
"Maria Isabel. Sua carta, com o recorte do 'Estado de Minas', foi mais um troféu que ganhei na minha carreira de profissional de comunicação. (...). Quando dei as notícias na minha coluna, a filha inteligente e a mãe cronista, senti que o Prof. Santino repete a frase que citei na crônica sobre minha mãe – existem pessoas que continuam vivendo mesmo depois de mortas.
No dia seguinte que publiquei "Outro Caminho" na minha página, recebi o telefonema do Conservatório (Conceição), chorando e me pedindo uma cópia.
Abraços e sou-lhe grato"
Cartão encaminhado por Netinho Guaritá a Maria Isabel

Ataliba Guaritá Neto, conhecido como Netinho, nasceu em 27 de junho de 1924 e faleceu aos 76 anos, em setembro de 2000. Foi vereador entre 1951 e 1955 e se destacou na área da comunicação. A carreira de jornalista começou como comentarista esportivo na Rádio PRE-5, depois de parar de jogar futebol no Fluminense. No jornal “Lavoura e Comércio”, assinou a coluna “Observatório” durante 45 anos. Foi o primeiro apresentador de programa ao vivo na região, atuando na TV Triângulo, atual TV Integração, e na TV Uberaba. Foi também comentarista esportivo das transmissões da Copa do Muno da Argentina em 1978. Netinho, tendo ao fundo a música Verá em Veneza executada pela orquestra de Mantovani, por mais de quarenta anos brindou Uberaba, pela Rádio Sociedade do Triângulo Mineiro, com a inesquecível: “A crônica ao meio-dia”. O improviso era o seu forte e até hoje não se viu alguém com essa capacidade. Amava Uberaba e estendia o seu amor a tudo que fazia.



