BRANCO DE MEMÓRIA – Santino Gomes de Matos
- Maria Isabel Gomes de Matos
- 8 de fev. de 2024
- 1 min de leitura
O bom é fundir-me neste branco,
branco abissal da memória,
e não ser.
É entregar-me ao etéreo,
com todas as âncoras levantadas,
e a mente, e o coração,
e o próprio sentido de existir,
em casca de noz,
vagando por sobre dilúvios,
sem Ararats,
sem pombinhas,
sem ramos de oliveira
denunciadores de um fim,
no sem-fim das brancuras do nada.
Liberto, inteiramente liberto
do meu peso e da minha substância
no mundo exterior,
que só se impõe e prevalece
como uma projeção de nós,
para além das cavernas de Platão.
Brancura de memória!
O que foi não conta,
porque nunca fui o que devia ter sido.
Perder em materialidade opaca
e ganhar em destino de pureza,
etéreo e fluido,
na incorporação do azul e da luz,
como elementos de transição
entre o possível e o impossível.
Branco de memória e nada mais...
©2023 – Todos os direitos reservados. Permitida a divulgação, desde que citada a autoria.
