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CANSAÇO – Santino Gomes de Matos

  • Maria Isabel Gomes de Matos
  • 10 de jul. de 2022
  • 1 min de leitura

Atualizado: 23 de abr.

Cansaço da hora longa, sem promessa,

que se condensa em rigidez granítica.

E do mar invariável, que arremessa

a onda altiva e a recolhe paralítica.


Cansaço do que vem sem que se peça.

Ou da fuga buscada – veloz, mítica –

que termina em vagares de caleça,

puxada por parelha sifilítica.


Cansaço da mesmice e do contraste,

do próprio céu que tenha e não me baste,

pois me recuso a nele consentir.


Cansaço de mim mesmo – a eterna cena! –

deste inferno que queimo, em dor serena,

no heroísmo de vencer-me, pra fingir.


Do livro Céu Deposto

©2023 – Todos os direitos reservados. Permitida a divulgação, desde que citada a autoria.

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