CONHECE-TE A TI MESMO
- Maria Isabel Gomes de Matos
- 20 de out. de 2022
- 2 min de leitura
Atualizado: 30 de jan. de 2024
Artigo de Yone Passaglia Gomes de Matos, publicado no jornal Degrau em dezembro de 2000.
Desde tempos imemoriais, o ser humano vem questionando sobre os mistério que o envolvem: os de ordem geral e os de ordem particular. Observa a mecânica do universo e a do seu próprio corpo. Registra constrastes por toda parte: luz e treva, bem e mal, saúde e doença, alegria e tristeza, vida e morte. A inteligência de que é dotado e o privilegia entre todos os animais leva-o a investigações que o mortificam pela descoberta das respostas permissíveis.
Quem sou? Por que sou? De onde vim? Para onde vou?
Eis algumas das questões que mais o atormentam. Observa que o seu corpo reage às intempéries e ao bom ou mau trato, mas constata também que em algum lugar não visível há uma reação diferente ao bem e o mal, à justiça e à injustiça. Percebe, no seu íntimo, o embate de emoções contraditórias. Sente que seu corpo material é inquestionavelmente perecível, mas que há uma parte intocável que transcende à vida.
Estamos a entrar no Terceiro Milênio da Era Cristã e o aforismo milenar "Conheça-te a ti mesmo!" volta à pauta do dia, com força total, não como mera especulação filosófica, mas como imperativo na solução de conflitos de relacionamentos interpessoais e extrapessoais.
A globalização apequenou o mundo, mas incentivou desmesuradamente ambições de poder e de lucro, intensificando conflitos culturais, raciais, religiosos, e fez eclodir, de modo mais visível, o contraste chocante entre as crescentes conquistas tecnológicas e científicas e o decrescente espírito de fraternidade, de justiça e de amor.
A tônica da mídia é "Ama-te a ti mesmo, acima de tudo". "És dono do teu corpo e não deves satisfação a ninguém. Goza o momento! Tudo é válido na busca da tua felicidade pessoal."
A insistente campanha destrutiva, engendrada através de programações televisivas bem elaboradas, vem alcançando, com rapidez assustadora o seu desiderato: a desagregação da família, da sociedade, das nações.
Urge uma reação que restabeleça os valores maiores da organização fraterna. Felizmente, já se congregam pessoas de bom senso, tentando acordar o homem moderno do pesadelo que o atola. "Conhece-te a ti mesmo!" sim, conhece-te para reconhecer tuas qualidades e defeitos. Para bem usar as primeiras, visando ao teu próprio bem, mas também ao bem do teu próximo. Quanto aos defeitos, procura corrigir-te, humaniza tua condição animal, honra a tua inteligência. E busca, no fundo do teu ser, aquela centelha que é Deus em ti.
