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SOLENIDADE – COMEMORAÇÕES DO 1º DE MAIO – DISCURSO DE SANTINO GOMES DE MATOS

  • Maria Isabel Gomes de Matos
  • 20 de nov. de 2022
  • 2 min de leitura

Atualizado: 9 de fev. de 2024


Sob a inspiração do céu aberto, como símbolo de liberdades infinitas, é que vos dirijo a palavra, por generosa imposição dos dignos promotores desta solenidade.


Estamos aqui reunidos para a celebração de mais um primeiro de maio. E nenhum cenário tão apropriado como este para vivermos em toda a sua plenitude a sugestão do ambiente, em comunhão íntima com os sentimentos que nos dominam nesta hora.


Os direitos do trabalho se confundem com as mesmas prerrogativas da Liberdade. Só numa terra livre, de homens livres, dentro dos postulados da democracia, torna-se possível criar ao trabalhador condições de exist~encia compatíveis com dignidade humana, que até bem pouco tempo entre nós se aviltava na miséria do trabalho escravo.


Não recuo à época das senzalas e do chicote dos feitores sobre os cativos submissos. A lei da libertação que se promulgou em 1888 de nenhum modo influiu nos domínios econômicos, em benefício do braço operário, por força da tirania do dinheiro, que tudo podia, em contraposição ao trabalho, que se avalia desprezível, no conceito de orgulho e de petulância dos argentários impenitentes. que de lutas, que de holocaustos não foram precisos para aluir nos seus alicerces edar por terra com a bastilha sombria de semelhante mentalidade.


Mas o pior já passou. Se ainda não se atribui ao trabalho todo o valor devido, se ainda existem zonas escuras de exploração do homem pelo homem, se as injustiças ainda afiam gumes penetrantes contra obreiros da civilização e do progresso, disseminados em todos os setores das atividades sociais, contudo já podemos celebrar um 1º de maio com o contentamento de ver em grande parte satisfeitas as reivindicações das classes trabalhadoras do Brasil, especialmente para o trabalhador da cidade, ampardo por leis que lhe garantem uma soma apreciável de direitos. Infelizmente, não se pode dizer outro tanto do trabalhador rual, que dentro de si próprio nutre o pior dos inimigos: o analfabetismo.


Uma campanha de libertação do homem do campo, no sentido de que lhe sejam facultados os direitos de uma vida digna e saudável, a si e a sua família, com escolas e assistência médica e diversões: é um imperativo da consciência nacional que nós, trabalhadores de todas as categorias, não podemos deixar de inscrever num programa ativo e corajoso de reivindicações, permanentemente.


Seja esta a convicção que levemos de tão grata assembleia. Dentro dos princípios da ordem que constroi e edifica, sem veleidades revolucionárias incompatíveis com a nossa formação democrática e cirstã, saibamos combater as pugnas da justiça social, para que se acabe de uma vez, em nossa Pátria, a extrema miséria.


Meus senhores: Eis-nos aqui reunidos na data consagrada à fraternidade universal. Dos nossos corações se elevam os mesmos anseios, os mesmos pensamentos augurais de uma vida melhor e mais feliz, para todos os trabalhadores do mundo, numa era de tranquilidade e de paz, sem bombas atômicas ou bombas de hidrogênio, sem a conspiração armada dos empreiteiros de guerras, sem abismos de ódios dividndo classes sociais, quando todos os homens passarem a compreender e a viver, verdadeiramente o código moral dos supremos deveres e da suprema justiça, que se resumo no dístico de luz das palavras divinas: Amai-vos uns aos outros!







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