FUNDO DE PANELA – Santino Gomes de Matos
- Maria Isabel Gomes de Matos
- 10 de jul. de 2022
- 1 min de leitura
Atualizado: 23 de abr.
Olho e não me vejo.
O espelho de fundo de panela
escuro de ruim carvão.
É o opaco contra o opaco,
a repulsa paradoxal dos homônimos,
pela ausência de qualquer reflexo compreensivo.
Neutralidade aterrada das faces intransmissíveis.
Mas o lado de lá existe,
e sinto que existo nele,
vertical e profundo.
Embora o ruim carvão
do fundo de panela fuliginoso
em que não me vejo
e que me dá a sensação opaca de mim,
negado na própria imagem,
quando me surge a consolação de uma verônica.
Do livro Céu Deposto
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