GLADSTONE CHAVES DE MELO
- Maria Isabel Gomes de Matos
- 2 de mar. de 2024
- 2 min de leitura
Atualizado: 11 de out. de 2024
"Que haja lógica na maneira de expor as regras de gramática! Mas que a verdadeira gramática seja deduzida da Lógica, isso nunca." (Trecho de artigo do Prof. Santino, em 7 de dezembro de 1953, que originou a carta a Gladstone Chaves de Melo e sua resposta.)
"Ilmo. Sr. Prof. Santino Gomes de Matos.
Cordiais saudações.
Acabo de receber sua estimada carta e apresso-me em responder a ela, não só para atender ao seu pedido mas também para agradecer-lhe as referências ao meu trabalho e à minha pessoa.
Quanto ao objeto de sua consulta, quase desnecessária, tenho a dizer-lhe o seginte:
Não há nexo íntimo e necessário da Lógica e da Gramática. São das ciências autÔnomas, com objetos formais distintos e métodos distintos.
Não se pode aplicar à Gramática, à verdadeira e boa gramática, o método dedutivo, porque ela é sistematização dos fatos da língua, fatos diversos, heterogêneos e produzidos muitas vezes por causas contraditórias. Não há nenhum princípio lógico que explique, por exemplo, o plural em "s" no português.
(...)
Esta atitude que assumo, que corrobora sua posição, e que defendo e tenho convictamente por verdadeira, não implica menoscaso da Filosofia. Ninguém preza mais a sã filosofia do que eu. E justamente porque a prezo, não a quero enfraquecer ou embanar-lhe a nobreza, incluindo nela ciências particulares e autônomas, como é a gramática.
(...)
Trecho de Carta de Gladstone Chaves de Melo a Santino Gomes de Matos
Gladstone Chaves de Melo. (Campanha, 12 de junho de 1917 – Rio de Janeiro, 7 de dezembro de 2001) Formou-se em Filosofia e Direito pela Universidade do Brasil, atual UFRJ, tendo sido professor catedrático de várias universidades. Recebeu o doutoramento "honoris causa" da Universidade de Coimbra, em 1996. Um dos mais conceituados nomes da filosofia tomista no Brasil. Linguista internacionalmente reconhecido, com vasta obra, membro da Academia Brasileira de Filosofia, publicou inúmeros trabalhos sobre essa matéria. Por duas vezes foi adido cultural do Brasil em Lisboa. Na política, foi vereador e deputado estadual pelo Rio de Janeiro, quando Distrito Federal.
