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HORA ESSENCIAL – Santino Gomes de Matos

  • Maria Isabel Gomes de Matos
  • 14 de out. de 2023
  • 1 min de leitura

Atualizado: 23 de abr.

Eu tinha um pífaro

e os gemidos do mundo.

Entretanto, meus lábios sem sopro

dormiam no êxtase planturoso de uma flor de cacto,

como ferida muda dos espinhos.


Eu tinha um pífaro e os gemidos do mundo.


Mas o silêncio,

o meu silêncio de inocência distraída,

rimava com os olhos fantasmas das luas mortas,

num fundo de céu inapelável.


Eu tinha um pífaro e os gemidos do mundo.


Não sei se a hora essencial desfechou do alto

ou se amadureceu dentro de mim,

em abismos revelados,

para que eu nascesse de novo.


Eu tenho um pífaro que ressoa

afinado pelos gemidos do mundo.


Do livro Céu Deposto

©2023 – Todos os direitos reservados. Permitida a divulgação, desde que citada a autoria.

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