JOSÉ CLEMENTE
- Maria Isabel Gomes de Matos
- 25 de mar. de 2024
- 2 min de leitura
Artigo publicado no jornal Estado de Minas em 13 de julho de 1962
Céu Deposto
De Santino Gomes de Matos, poeta já com área própria na Poesia, que teve muito bem estimada a sua "Oração dos Humildes" por algumas autoridades na avaliação literária, como Monteiro Lobato, Tristão de Ataíde, A. J. Pereira da Silva e o nosso grande Oscar Mendes, conhecemos agora o "Céu Deposto".
Os cardeais da letras, que reconheceram na sua poesia um alto teor de pensamento e arte, só terão, a nosso ver, motivo para íntima satisfação com o aparecimento de "Céu Deposto", pela confirmação, que traz este novo livro, dos dons de expressividade lírica do poeta, que, com credenciais próprias, teria de sentir que a responsabilidade delas aumentava, com o pronunciamento-aval de tão ilustres autoridades.
No poeta de "Céu Deposto" é facilmente identificável uma opulenta estrutura lírica. Tem o sentimento poético e, por isso, a capacidade inata de, em face da vida, do mundo, enfim do todo que nos cerca, captar o sentido de poesia.
Não será pela posse de um equipamento especial de descoberta vindo do exterior para o seu espírito, mas pela atração natural do próprio eu lírico em permanentes buscas fraternizadoras.
Não se tendo calculada e pretensiosamente armado para o objetivo de realização poética, Santino Gomes de Matos, feliz pelos encontros com a mesma espontaneidade com que se sensibiliza, deixa-se conduzir na transformação do subjetivo em poema doação.
Os recursos da Arte, indispensáveis na apresentçaõa poética, não afetam, na transmissibilidade do autor de "Céu Deposto", o teor do pensamento, mas, ao contrário, aprimora-o iluminadoramente. Daí seus poemas, em que inspiração, percepção e beleza se consorciam não somente para o domínio da atenção dos que os lerem, mas para a conquista de admiração. Esta, conquanto influenciada pela preferência do leitor em face das variadas criações artísticas, perante "Céu Deposito" não entre em desnível, porque todos os trabalhos que o compõem (sejam os poemas ou nas trovas miniaturas de horizontes e profundidades), mantêm o livro num altiplano da Poesia nacional.
Moacyr Assis Andrade (1897 – 1986). Diplomou-se em odontologia. Desde 1917 atuou como jornalista, redator e revisor. Seus trabalhos de jornalista na imprensa mineira foram relevantes. Atuou em todos os principais jornais e periódicos. Assinava artigos também com os pseudônimos de Gato Félix e de José Clemente. Foi redator e diretor da Imprensa Oficial. e diretor da Rádio Inconfidência. Com ampla obra literária, foi membro da Academia Mineira de Letras.
