JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA REZENDE
- Maria Isabel Gomes de Matos
- 29 de mar. de 2024
- 2 min de leitura
Atualizado: 11 de out. de 2024
"Caro mestre Santino,
Esta é nossa carta de agradecimento e uma espécie de confissão. Usaremos aquele estilo simples que o senhor sempre recomenda. Antes de tudo sabemos que iremos feri-lo na sua singular modéstia, mas, aqui, já fica o nosso pedido de desculpa. Tentamos sufocar a expressão destes sentimentos que ora passamos para estas linhas. Mas, como impedir que a imensa admiração, o grande respeito e a profunda estima, acumulados durante todo o decorrer de um curso que frequentamos por vários meses, deixassem de vir à tona? E, além disto, achamos tão belo este sincero sentimento de admiração de seus alunos por nosso mestre que não vemos razão de escondê-lo. O nosso mundo atual está tão cheio de expressões vazias, de sentimentos falsos, de hipocrisias, de ingratidões, que achamos ser um dever expressar um tão enaltecedor pensamento.
(...)
Como nos sentimos honrados frequentando o seu cursinho preparatório para o vestibular e para o concurso. Foram tantos ensinamentos! Por isso já nos envolve a saudade. Sentiremos falta daquelas explicações claras, daqueles momentos em que nos pasmávamos pela grandeza de sua altura e saber.
Podemos admirar um professor por ter as qualidades de um homem de bem. São afinidades. Mas o mestre não apenas ensina, influi na formação dos alunos. E o senhor influiu em nossas vidas de maneira grandemente benéfica. E por isso, nós, sem qualquer bajulação, queremos apenas lhe render uma homenagem como homem e como o mestre, que o senhor é.
A palavra mestre, que nesta carta usamos a todo o momento – e que fazemos de propósito – tem para nós um sentido muito especial. O mestre, o verdadeiro mestre, assim o o é não pelos títulos que tenha. O verdadeiro mestre já nasce mestre. E, olhando a sua figura, tão expressiva e simpática, mas tão modesta, a palavra mestre realmente se agigantou em nossa mente.
Cursaremos uma escola superior. A Faculdade de Direito. Seguiremos nossos caminhos. De maneira direta, não seremos mais seus alunos. Mas, tenha certeza de que de maneira espiritual, seremos seus discípulos por toda nossa existência. Passe o tempo que passar, estarão presentes em nossa mente aquelas explanações, não apenas sobre língua portuguesa e literatura mas sobre política, economia, filosofia e os demais assuntos que constituíram os temas de nossas redações e estudo. E o tempo, em sua inexorabilidade, será testemunha da eterna admiração de seus alunos por nosso mestre.
Aqui nesta carta, junto com nosso muitíssimo obrigado, aproveitamos o ensejo para saudar Santino, o filólogo; Santino, o poeta; Santino, o jornalista; Santino, o homem de bem, mas, sobretudo, Santino, nosso caro mestre.
João Carlos de Oliveira Rezende, em 3 de março de 1960"
Trecho de carta de João Carlos a Santino Gomes de Matos
João Carlos de Oliveira Rezende. Pessoa de expressividade na comunidade uberabense. Filho mais velho de Reynaldo de Mello Rezende , seu início de trabalho foi colaborando na famosa fábrica de seu pai, Indústrias de Alimentação Reyna. João Carlos era advogado e foi funcionário de destaque no Banco do Brasil.
