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LEONARDUS SMEELE

  • Maria Isabel Gomes de Matos
  • 1 de mar. de 2023
  • 2 min de leitura

Atualizado: 1 de abr.


"Santino Gomes de Matos

Leonardus P. Smeele


Há sempre as horas vividas do passado,

em que duas almas se encontravam em Cristo

e deixavam os minutos deslizar entre os dedos

e falavam do Belo, do puro, do inalcançável.


Na biblioteca, os livros eram testemunhas pacientes

desses encontros, dessas palavras e harmonia pura

que apenas crianças e anjos sabem entender

porque refletem a Palavra, o Verbo Divino.


Agora partiste, meu santo amigo, para as praias

do oceano divino, onde pequenas ondas pacíficas

inundam teu coração de mestre, de pai, esposo e amigo,

com uma felicidade completa, eterna e total.


Não te verei mais, sentado atrás da mesa,

lendo, estudando, escrevendo, saboreando os poetas de ontem, de hoje,

recebendo amigos, alunos, sempre com sábias palavras.

Não poderei mais abraçar-te nas horas matinais.

A janela não reflete mais o teu rosto tão bondoso.


Sei, entretanto, que vives, vives mais do que nunca.

Vi-o no teu rosto tranquilo, feliz, realizado,

que antes do derradeiro bater do teu coração

já percebias a felicidade deste seu segundo nascimento.


Choro porque continuo ainda um pouco nesta vida.

Choro por causa de tua esposa, de teus filhos.

Não choro por ti, que sei vivo, abraçado com Cristo,

com Cleômenes e com todos os que te precederam.


Na plenitude da minha fé, da minha esperança,

não posso dizer "adeus, Santino", apenas "até já",

pois Cristo ressuscitou e tu com ele.

Logo, logo estaremos juntos novamente, Cristo, tu e eu."

Poema publicado no "Jornal da Manhã" em 15 de outubro de 1975

"Meu amigo

Leonardus P. Smeele


Não estão seus livros, lado a lado,

alinhados, pacientes, irmãos amados,

sempre lá, atrás da sua cadeira?


Não estão seus discípulos, ombro a ombro,

sentados nas carteiras, impacientes,

sempre lá, em frente da sua mesa?


Não estão esposa, filhos, santuário

tão exclusivamente seu – mais belo poema seu,

sempre lá, em volta da sua mesa?


Não estão os amigos traduzindo

o mandato de Cristo, que é amor exclusivamente,

sempre lá, para seu conforto?


Vá descendo o morro, mestre amigo,

de manhã cedinho, bengala na mão,

para sua aula, para seus alunos.


À noite, os livros, a família,

as mãos postas sob o telhado protetor.

E lá em cima Deus, que tudo vê."

Poema de Leonardus Smeele dedicado a Santino Gomes de Matos publicado em 6 de maio de 1961

"(...)

Remeto-lhe algumas crônicas recentes, entre elas uma apreciação do seu novo livro de versos, com as trovas, que todos aqui admiraram com razão! Poeta espetacular, os anos vão apurando cada vez mais sua pena!

(...)"

Trecho de carta de Leonardus Smeele a Santino Gomes de Matos em 1950

Leonardus Paulus Smeele (Haia, 1907 – Uberaba, 1976) Estudou na Universidade de Cambridge. Estudou e trabalhou no Canadá e na Inglaterra. Emigrou para o Brasil, naturalizando-se brasileiro. Professor de inglês e alemão em Patrocínio, Campo Grande, Pedro Leopoldo, Ribeirão Pretone Belo Horizonte, em1958 foi convidado a fundar e dirigir o Instituto Cultural Brasil-Estados Unidos em Uberaba, para onde se transferiu. Membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro, era contista, poeta, cronista, memorialista e articulista, tendo colaborado assiduamente na imprensa uberabense.



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