LOUVAÇÃO
- Maria Isabel Gomes de Matos
- 18 de mar. de 2024
- 2 min de leitura
Atualizado: 8 de out. de 2024
Ponho nesta louvação
a essência mesma da verdade,
nuinha, original
quando em mistério se abriu,
a rosa em revelação no fundo de um poço.
Que se retire a lâmpada debaixo do alqueire,
para que a modéstia não obscureça a virtude,
e todos vejam,
até mesmo os de escamas nos olhos,
até mesmo os de escamas na consciência,
pela inveja, pelo despeito, pela ingratidão.
Todos vejam o taumaturgo,
que teima em fazer-se do tamanho comum,
e entretanto avulta nas dimensões de um monumento humano.
Misturo o meu sentimento de louvação
ao sentimento da rua,
e ele aí vai, em ondas puras e livres,
como um vento que corre solto e democrático,
levando a qualquer parte a notícia perfumada de um jardim.
Caiu a palavra em voz natural,
sem intuito de rebusca,
menos ainda com intenção de trocadilho.
E basta elevar o vocábulo,
vesti-lo de maiúscula,
conjugando o nome comum e o nome próprio,
nas suas afinidades ricas.
Quintiliano Jardim e o jardim esteticamente cultivado
de sua alma romântica!
O Poeta não deixou que a neve dos anos
sepultasse a sua paisagem de primavera.
E como florescem, mimosas e delicadas,
num lirismo de festa matutina,
algumas das quadras quotidianas de Flávio!
Misturo o meu sentimento de louvação
ao sentimento do povo,
à homenagem anônima das multidões,
que decide as glórias autênticas e definitivas.
E a força de uma presença e de uma comunicação ininterrupta
o que deslumbra na constância dos anos,
em mais de meio século de jornalismo.
Louvo um estilo de vida
que se derrama na abundância do inumerável.
Louvo o que rasga iluminação da verdade,
em golpes de Percival,
para que das bastilhas do erro
não fique pedra sobre pedra.
Louvo o que sustenta a fé dos que ousam
e ampara a fraqueza de quem vacila no bem,
e oferece escudo ao braço desarmado,
e promove justiça dos pequenos e dos simples,
embora em desafio às potências dominadoras.
Louvo, na louvação de todos os tempos,
o que semeia o progresso do espírito,
mestre da palavra e do pensamento,
o que antecipa o advento da civilização,
caminhando à frente das conquistas,
como batedor de todos os ideais magnificentes.
Perceba o louvor dos grandes e dos pequenos,
na terra e no ar que dominou com ondas sonoras da PRE-5,
o que fez do verbo escrito e alado
a mais alta mensagem do pensamento artístico e construtivo,
na história intelectual e cívica do Brasil Central.
Louvado seja Quintiliano Jardim,
no seu coração e na ternura,
na sua inteligência aguda de penetração,
mas generosa de complacência e de perdões
aos infiéis da intelectualidade sem cultivo,
embora fátuos e pomposos.
Louvado seja Quintiliano Jardim,
na glória de ser bom,
para o heroísmo de incomensurável,
como encarnação das virtudes maiores da sua gente.
Recebe Quintiliano a cantiga desta louvação
em mais um nove de fevereiro,
que se borda a pérolas
no coração dos seus amigos
e faísca de ouro vivo
no calendário cívico e afetivo de Uberaba.
