OSWALDO PINHEIRO DOS REIS
- Maria Isabel Gomes de Matos
- 31 de mar. de 2024
- 2 min de leitura
Atualizado: 11 de out. de 2024
"Prezado Professor Santino, saudações.
Já faz muito tempo que tenciono escrever-lhe para entabular relações, visto que somos oficiais do mesmo ofício.
São tantos elogios que recebo de sua cátedra na Faculdade de Filosofia de Uberaba, inclusive de colegas, quando cursei meu curso de especialização na USP.
Tenho em vista, portanto, estabelecer intercâmbio. Por isso, solicitar-lhe-ia me remetesse publicações suas e o programa que leciona aí na cadeira de Filologia Românica, matéria de minha responsabilidade aqui na Faculdade de Filosofia da Universidade do Paraná. Estou-lhe enviando algumas publicações minhas, incluindo um artigo que publiquei na imprensa desta Capital, no qual explico, evidentemente de modo sumário, o meuu programa deste ano.
(...)
Irmão Raul Clemente (Oswaldo Pinheiro dos Reis)"
Trecho de carta de Oswaldo Pinheiro dos Reis a Santino Gomes de Matos em 30 de setembro de 1951
"Prezado colega professor Santino Gomes de Matos:
Dou-lhe parabéns pelas boas causas que defende. Faça destes rabiscos o que lhe aprouver.
(...)
Sinto-me muito satisfeito por ter de concordar com o amigo nos dois pontos em discussão. Que privilégio para a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras daí contar com um professor lúcido e afeito às novas orientações filológicas que relegaram para o rol das velharias muitos dos conceitos da gramática tradicional.
Com efeito, a gramática filosófica que estuda as relações entre as palavras e as coisas, ou melhor, as sensações que aquelas despertam em nós, de há muito caiu em completo e irremediável descrédito. Há muitos fenômenos linguisticos totalmente alheios aos princípios da lógica. Não se pode aplicar regras lógicas à linguagem. Gramática deve ser sistematização dos fatos da linguagem. Primeiro os fatos, depois as regras. E como a linguagem não é como pensavam os antigos, a expressão do pensamento lógico, mas, sim, de toda a atividade espiritual, segue-se que a gramática não pode ser exclusivamente lógica.
Não pode haver dúvida quanto à necessidade do estudo da gramática tradicional, ou normativa. Mas concordo com o ilustre porfessor quando pugna por que seja a análise sintática reduzida ao mínimo, no aprendizagem da lingua. Ninguém negará os méritos da análise sintática como elemento disciplinador do pensamento. Mas não será por isso que devemos transformá-la em recurso exclusivo do ensino da língua. A análise é meiio, não é fim.
(...)
Aceite um abraço do seu admirador constante, Oswaldo Pinheiro dos Reis."
Trecho de carta de Oswaldo Pinheiro dos Reis a Santino Gomes de Matos em 11 de novembro de 1953
Oswaldo Pinheiro dos Reis – Irmão Raul Clemente (Cidade do Frade, 18 de novembro de 1919 – Rio de Janeiro, 18 de novembro de 1955). Licenciou-se em Letras Clássicas na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade do Paraná e fez um Curso de Extensão em Filologia Românica na USP. Respondeu pela Cátedra de Filologia Românica na Universidade do Paraná desde 1950, tendo várias obras publicadas, inclusive livros didáticos, como sua famosa seleta latina.
