Yone – A juventude (namoro, noivado, casamento)
- Maria Isabel Gomes de Matos
- 7 de jun. de 2024
- 3 min de leitura
Atualizado: 16 de mar.
A Escola Normal Oficial de Uberaba, escola de referência no Estado, além de oferecer o curso de Normalista de Segundo Grau, que, como explicamos, equivalia a um curso superior para professores, oferecia também cursos especiais para as normalistas já graduadas, algo que hoje chamaríamos de "cursos de extensão".
Logo após a formatura de Yone, a escola ofereceu um inusitado curso de inglês. Inusitado? Sim, porque à época, a língua estrangeira constante nos currículos de ensino era o francês. O estudo do inglês era algo raro. A escola teve a possibilidade de implementar esse curso porque havia se transferido para a cidade um professor habilitado a lecionar essa disciplina, inclusive no âmbito do ensino superior. Quem era esse professor? Era o professor Santino Gomes de Matos.
Yone amava aprender – uma característica que manteve até o fim da vida. Por isso, juntamente com outras ex-colegas, matriculou-se naquele novo curso. E foi assim que Yone e Santino se conheceram.
Amor à primeira vista? Provavelmente...
Do namoro, sabe-se que foi lindamente romântico, como testemunham os poemas do namorado para sua musa (muitos dos quais constantes neste site) e também as cartas que trocavam, permeadas de enlevo.
Do noivado, sabe-se que o genro conquistou definitivamente a admiração e a afeição da sogra e do restante da família Poppi-Passaglia.
Assim, em 24 de dezembro de 1938, Santino e Yone se casaram. A cerimônia, realizada em casa, já indicava essa preferência de Santino e Yone para pequenas reuniões. No entanto, o evento contou com as pessoas mais gradas da sociedade.

Do casamento, será que poderia ser dito – como nos contos de fadas: “E então foram felizes para sempre”?
Sim, se a pergunta se refere ao relacionamento de Santino e Yone.
Sempre apaixonados um pelo outro, esse amor persistiu por toda a sua vida e se espraiava no ambiente onde estavam, encantando quem teve o privilégio de com eles conviver.
E foi esse amor sempre presente e crescente que permitiu que vencessem juntos, na sua permanente harmonia e comunhão, tantos difíceis desafios que a vida lhes ofereceu.

BONEQUINHA LOURA – Santino Gomes de Matos
Ó bonequinha loura a tua boca é breve,
como um suspiro em flor.
Ó bonequinha loura, quem te fez de neve,
se à neve fria não aquece o amor?
Ó bonequinha loura, quem te fez de lua,
lua de inverno, assim gelada e alva,
da alvura-sonho que é só dela e tua,
ó bonequinha loura, ó minha estrela d'alva!
E o olhar lavado de um azul tão doce...
Bem o queria para o meu olhar.
Meu olhar triste que consigo trouxe
a cor de assombro de revolto mar.
Ó bonequinha loura, brinca no meu sonho,
que é só tecido de escumilha e sol:
pois tem o teu semblante mais risonho,
pois tem os teus cabelos de arrebol.
Ó bonequinha loura, feita de faiança,
o destino é tão leve em tua mão!
Transforma o meu temor em esperança,
mostra que tens também um coração.
O QUE EU AMO EM VOCÊ – Santino Gomes de Matos
O que eu amo em você é a luz da própria vida,
é tudo que não tive, é tudo que não tenho,
para encher a grandeza comovida
de um destino pesado como um lenho.
O que eu amo em você é a esperança louca
de um futuro feliz,
que me anda a fugir da alma para a boca
e que a boca não diz.
O que eu amo em você é o mundo de alvoradas
que o seu olhar ao meu olhar desdobra.
E os pequeninos nadas,
que me tornam feliz, do que lhe sobra.
O que eu amo em você é essa ventura,
que eu quereria inteira para mim.
Esse riso, esse olhar, essa doçura,
que a vida lhe perfuma de jasmim.
O que eu amo em você - nem sei dizer!
Mais, talvez, do que toda a suavidade
do seu destino ou do seu próprio ser,
o que eu amo em você... é a nossa eternidade.
Do livro Procissão de Encontros

