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ALMA INTOCADA – Santino Gomes de Matos

  • Maria Isabel Gomes de Matos
  • 5 de out. de 2022
  • 1 min de leitura

Atualizado: 28 de abr.

O que me exausta é esse esforço de recomeço,

de renovação de mim mesmo em distâncias perdidas.

A minha estrada às vezes se alonga,

indefinidamente,

parece vir do começo dos tempos.

Apesar disso, componho e recomponho

o esforço tenaz de encontrar em nascentes primitivas

o clarão da primeira ideia,

o berço destas almas que eu trago comigo,

enredada de inúteis complicações.

Se conseguisse isolar a nota pura, única, verdadeira,

que se acusa perdida dentro em mim,

num tumulto de ecos,

encontraria a própria essência do meu ritmo e da minha harmonia.

E não seria, como sou, um desajustado,

um palco trágico de desencontros,

na procura atormentada das soluções integrais.


Vi o mundo demais, vivi demais a vida,

e agora não acho uma nesga de alma intocada

para a aventura milagrosa do recomeço.


Do livro Céu Deposto

©2023 – Todos os direitos reservados. Permitida a divulgação, desde que citada a autoria.


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