COURAÇA DO INFINITO – Santino Gomes de Matos
- Maria Isabel Gomes de Matos
- 12 de out. de 2022
- 1 min de leitura
Atualizado: 25 de jan. de 2024
Encouraça-te de infinito e perde-te em abismos dourados.
O mundo é isso que vês – o sem remédio das catástrofes avassalantes.
Acolhe-te ao ventre de qualquer baleia,
que Nínive já não paga a pena de ser salva.
As cataratas de fogo se despejam com violência
e nenhuma voz de profeta
torcerá o destino das condenações supremas.
Inumeráveis mares mortos,
ainda mais mortos do que os de Sodoma e Gomorra,
já se coalham invisíveis
no invisível do Tempo.
Chovem desgraças nas almas,
como outrora chovia enxofre e chumbo derretido
sobre a impenitência de um povo maldito.
E as fontes da Beleza secarão, esturricadas.
E as contas da Vida manarão com miasmas de morte.
A luz pura não medrará inocência nos olhos das crianças
nem refletirá saudades nos cabelos dos velhos.
Um desejo grande, enorme, de esquecimento
será o anseio comum das criaturas,
dentro da fatalidade das cicatrizes
e das tatuagens espirituais hereditárias.
Somente a couraça de infinito
te preservará da miséria dos tempos que vão
e dos tempos que hão de vir.
Somente ela te reconciliará com as fontes perdidas
do Espírito Eterno.
Apruma-te no equilíbrio de ti mesmo
e deixa que o mundo dance a dança louca das inversões.
Não te assustes nem te apavores,
se vires uma estrela como ornato de chão,
em vez de continuar lustre do firmamento.
Relê o livro do Apocalipse e compreenderás todos os seus símbolos
dentro da realidade.
Mas, quando te disserem que os tempos são chegados,
que não te resta senão mergulhar nos vórtices abertos
ou ficar para um canto,
apodrecendo na miséria das coisas miseráveis,
veste a tua clâmide de luz verdadeira
e não faltarão planos infinitos
com mares de oxigênio para o facho da tua Fé.
Do livro Procissão de Encontros
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