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HOMENAGEM PÓSTUMA – 1995

  • Maria Isabel Gomes de Matos
  • 11 de out. de 2024
  • 3 min de leitura

Santino Gomes de Matos. Vivo, construiu pela palavra. Morto, continua a construir pelo exemplo que legou a Uberaba.


Em Santino Gomes de Matos saudamos, com profunda emoção, um dos mais legítimos valores de nossa intelectualidade.


Na sua vida voltada à cultura, Gomes de Matos marcou presença na literatura, como poeta e escritor; no jornalismo; no magistério. Destacou-se ainda como um dos mais eficientes chefes do IBGE e como vereador.


Como filólogo e linguista, teve um lugar especial na História de Uberaba, abrindo aqui um novo capítulo nesse plano de estudos.


Gomes de Matos foi, algumas dezenas de anos depois do falecimento destes eminentes cultores da língua, o sucessor direto de Joaquim Dias, o grande latinista e filólogo; de Manoel Felipe de Souza e Atanásio Saltão, filólogo e profundo conhecedor do idioma francês. Aqueles mestres morreram sem deixar sucessor. Gomes de Matos veio anos depois preencher a lacuna aberta com o seu desaparecimento. E o fez com o mesmo brilho e grandeza de seus antecessores.


Professor concursado de português, francês, inglês e latim, lecionou na Escola Normal e Oficial de Uberaba e em diversos educandários, tendo sido diretor do Ginásio Brasil e o primeiro diretor do Colégio Dr. José Ferreira. Foi também Inspetor Escolar do Grupo Escolar Brasil e das escolas municipais de Uberaba. Com a sua presença, a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras Santo Tomás de Aquino se instituiu e consolidou em excelência, com currículos semelhantes aos das melhores universidades do país. Ali lecionou por largos anos Filologia Românica, Gramática Histórica bve Língua Portuguesa.


Como jornalista, rejuvenesceu a velha Gazeta de Uberaba e enriqueceu o Lavoura e Comércio. Além de diretor da Gazeta de Uberaba, foi colaborador de outras folhas da região, revistas da Guanabara, tendo sido correspondente de O Estado de São Paulo, escrevendo para esse jornal todos os fatos relevantes de Uberaba e da região.


Redator-chefe deste jornal durante vários anos, Gomes de Matos trouxe para a imprensa uma contribuição substancial de inteligência e cultura. O seu ingresso no jornalismo local fez época. Sentiu-se imediatamente que a sua presença alargava os horizontes da nossa imprensa, que conquistava, para a suas lides diários, o concurso de uma figura de alto nível intelectual.


A sua contribuição foi vasta e fecunda.


Na literatura, Santino Gomes de Matos assinalou presença com diversos contos premiados em concursos promovidos em Belo Horizonte, Curitiba e São Paulo e com livros de poemas do porte de Oração dos Humildes, Procissão de Encontros, Céu Deposto e tantos outros que definiam imaginação, poder criativo e delicada sensibilidade.


Era um homem culto, cuidadosamente preparado para suas atividades e servido por um talento de escol.


Afetividade, delicadeza de sentimentos, características que formavam uma constante na vida de Santino Gomes de Matos e que o prenderam para sempre a Uberaba, por laços afetivos que ele jamais quis romper. Poderia ter triunfado em uma capital, no Rio ou São Paulo; preferiu, porém, continuar nesta cidade, no convívio dos colegas e amigos que tanto lhe queriam. E ficou para sempre – a terra que ele serviu generosamente o guarda carinhosamente em sua memória


Homem de extraordinária firmeza de princípios, formado no seio de uma austera e tradicional família cearense, Gomes de Matos fez da sua existência uma seriação ininterrupta de dedicação ao magistério, à cultura, ao trabalho. E viveu mais e função dos seus do que de si mesmo, emprestando sua colaboração à juventude até os últimos dias de sua vida.


Editorial do jornal "Lavoura e Comércio" em 1995.

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