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ESQUECIMENTO – Santino Gomes de Matos

  • Maria Isabel Gomes de Matos
  • 13 de out. de 2022
  • 1 min de leitura

Atualizado: 28 de nov. de 2023

Tenho ânsias de fugir,

de perder-me em solidões de névoas e de trevas,

porque a redenção do homem, mais do que nunca,

está no esquecimento.

O olho da memória vigia aberto, dentro de mim.

Vejo tudo. As chagas todas da minha alma,

e todos os becos escuros que atravessei no meu caminho.

Debalde procuro reduzir os invencíveis "ontens"

ao íntimo comum de uma dor, de uma tristeza,

de uma saudade.

Eles caminham comigo,

com as torres negras dos acontecimentos erguidas para o céu,

e enchem todo o horizonte.

Nada fica, nessa sufocação da luz e do espaço,

para as realizações do presente,

para as miragens do futuro.

O passado inteiriçou-se como um cadáver

dentro dos meus dias.

Um cadáver que nunca deixasse de crescer e de inchar.

E o esquecimento de tudo,

só o conseguiria se me anulasse nas sombras,

se me confundisse na negação absoluta do Nirvana.


Do livro Vozes Íntimas

©2023 – Todos os direitos reservados. Permitida a divulgação, desde que citada a autoria.


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