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INGENUIDADE – Santino Gomes de Matos

  • Maria Isabel Gomes de Matos
  • 11 de out. de 2022
  • 1 min de leitura

Atualizado: 9 de mai.

Vou ungir-me daquela ingenuidade

que foi o meu celeiro de esperanças.

E fecharei os olhos para não ver

o ódio e a dor, agudos como lanças.

E a vileza e o desgosto e o padecer

e tudo mais do mundo e tudo mais da vida!


Quero encontrar meu reino de quimeras

(Está perdido há tanto tempo, tanto!)

E me virá a luz de altas esferas.

E hei de sonhar ao som de um acalanto,

tranquilamente,

ingenuamente.


Já coloquei no nicho de meu peito

tua imagem de santa.

Teu riso, teu olhar, esse teu jeito

de morder as palavras, quando falas,

de matar as palavras na garganta....

E o mundo expressional de uns olhos garços,

que transborda de ti, quando tu calas.


Deixem-me crer nessa ideia linda

do teu amor por mim.

Andem comigo todos os enganos.

E o milagre de luz de tua vinda,

que nunca o vejam sem deslumbramento

os meus olhos profanos.


Eu quero ter, por ti, a ingenuidade

de pôr a vida inteira num desejo,

num roçar de ilusão... na procura de um beijo...

na crença da felicidade.



Do livro Procissão de Encontros

©2023 – Todos os direitos reservados. Permitida a divulgação, desde que citada a autoria.



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