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O MEU CANECO DE FOLHA – Santino Gomes de Matos

  • Maria Isabel Gomes de Matos
  • 11 de jul. de 2022
  • 1 min de leitura

Atualizado: 28 de abr.

Enchi o meu caneco na corrente de todas as inovações,

de ideologias complicadas, estranhas, forasteiras.

Todas tinham um gosto amargo e mau

e deixavam um limo de impurezas,

no fundo virgem do meu caneco de folha.

Descobri, então, em mim, a verdadeira alma brasileira,

recortada na grandeza da minha terra,

acostumada a horizontes amplos de azul e de oxigênio,

que não pôde escravizar-se à geometria de cubos,

de fôrmas supliciantes, como um sapato de ferro chinês.

Por isso, voltei a beber no meu caneco de folha

a mesma água limpa da montanha

que eu bebia desde menino.

Ela corre para os nossos lábios com um gosto do céu,

com um gosto de sombra,

com um gosto da terra imensa e livre das cachoeiras e das florestas

e põe uma paz sadia e mansa em nossa sede.


Do livro Procissão de Encontros

©2023 – Todos os direitos reservados. Permitida a divulgação, desde que citada a autoria.

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