NOITE LONGA – Santino Gomes de Matos
- Maria Isabel Gomes de Matos
- 12 de jul. de 2022
- 1 min de leitura
Atualizado: 26 de jan. de 2024
Meia-noite!
Se eu pudesse fazer parar no espaço
o círculo vicioso dessas horas!
De minuto a minuto, mais um passo
para o ventre da cova.
E a angústia das demoras
e essa morosidade
com que caminha a Boa Nova de uma felicidade!
Leio, escrevo.
Da torre cai mais uma badalada.
O relógio está rouco
do frio da manhã.
Que noite longa!
E esse desejo ansioso, louco,
de ver o sol surgir numa risada,
as nuvens carminando a gomos de romã.
Leio, escrevo.
Até que, às três da madrugada,
como as folhas de um trevo,
uma a uma arrancadas,
tombam bêbedas, pelo ar,
a dançar...
e a gemer...
e a morrer...
Do livro Procissão de Encontros
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