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O SEMEADOR – Santino Gomes de Matos

  • Maria Isabel Gomes de Matos
  • 11 de out. de 2022
  • 1 min de leitura

Atualizado: 28 de nov. de 2023

As mãos do semeador estavam já vazias.

Grão a grão se lhe fora, e sempre entre carinhos,

o celeiro de uma alma aberta às alegrias

de pôr marcos de luz em todos os caminhos.


Quanta vez, ao furor de negras invernias,

foi como o sol que faz cantar os brandos ninhos!

Quanta vez penetrou mal-assombradas vias,

a seguir de uma dor os torvos escaninhos!


Mas, um dia, sentiu que o passo lhe afrouxava.

E a luz que distribuíra, amigo e compassivo,

aos seus olhos fugia, aos seus olhos faltava.


Bateu de lar em lar. E nem sequer achou

um pouco de água e pão para o corpo cativo,

nem teto que cobrisse o chão onde expirou.


Do livro Oração dos Humildes

©2023 – Todos os direitos reservados. Permitida a divulgação, desde que citada a autoria.






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