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PAISAGEM – Santino Gomes de Matos

  • Maria Isabel Gomes de Matos
  • 13 de out. de 2022
  • 1 min de leitura

Atualizado: 25 de jan. de 2024

Donde vem essa névoa em que me perco,

em que afundo uns olhos penetrantes,

no esforço de ver

e não vejo?

A paisagem das estepes anemiza o sol do equador.

Tudo de gelo, tudo em coberta de neve.

E um frio agudo,

varando o corpo,

varando a alma.

Um vento de navalha assobia como um "knout".

Adivinho homens de chicote em punho,

ferozes, carrancudos,

com braços automáticos de êmbolos.

Adivinho homens genuflexos sobre suas próprias chagas dos joelhos sangrando.

A tatuagem sombria do desespero e da angústia vinca-lhes as feições.

Padecem a agonia gigante de uma raça.

Donde vêm essas visões que alucinam,

que eriçam os cabelos, em pé?

Lá fora há sol, há andorinhas,

há o Brasil dos sinos, repicando num domingo de festa.


Do livro Vozes Íntimas

©2023 – Todos os direitos reservados. Permitida a divulgação, desde que citada a autoria.





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