PARA ALÉM DA MONTANHA – Santino Gomes de Matos
- Maria Isabel Gomes de Matos
- 12 de jul. de 2022
- 1 min de leitura
Atualizado: 25 de jan. de 2024
O instinto da luz me encoraja e me anima.
Não sei se vou de rastos,
se vou ferido, se vou dilacerado.
Eu sei que por detrás da massa negra das sombras
há sol, há calenturas, há descanso.
Venham comigo os que desesperam.
Os que mais sentem o travor da maldade dos homens,
os que se constringem, num círculo de ferro,
nesta era brutal de ferro e de cimento armado.
O toque humano está na cadeia das mãos,
na ajuda de Cirineu aos que tropeçam,
no amparo aos que tombam no meio do caminho.
Venham comigo!
Não olharemos para os abismos escancarados do desespero.
Não sei se vou com a alma retalhada,
não sei se há lama nas minhas pupilas,
de tanto ver misérias.
As lâminas das máquinas cortam, retalham
a epiderme multissecular da humanidade.
As moendas trituram destinos.
Mas não é preciso que vocês se percam,
vesgos da vingança feroz que barbariza.
Venham comigo!
Entrelacemos as mãos para a escalada
pedregosa torturante, cheia de passos de sangue.
O toque humano está na cadeia dos braços dados,
e a chancela de glória nos olhos incendiados de febre e de fé!
Eu sei que por trás da massa negra das sombras
há sol, há calenturas, há descanso,
há uma luz que nunca, nunca se apaga.
Do livro Vozes Íntimas
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