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PURO ESPÍRITO – Santino Gomes de Matos

  • Maria Isabel Gomes de Matos
  • 14 de out. de 2022
  • 1 min de leitura

Atualizado: 25 de jan. de 2024

O meu momento virá,

e a tarde se enfeitará de frutos de ouro e de marfim,

como uma árvore mágica de Aladino.

Terei apenas que estender a mão, para colheitas mirabolantes.

E a Beleza me ficará ao alcance dos dedos, afinando o pentacórdio dos meus sentidos.

Participarei do milagre da levitação dos eleitos.

Serei livre e despreocupado como os ventos das planícies.

Como um barco solto de todas as amarras,

que voga à discrição, em oceano sem fim.

Desaparecerão os limites e as fronteiras que me encarceram.

A minha personalidade se volatizará, imponderável,

mais leve do que o ar,

como um floco gasoso de neblina,

subindo alto, dissolvendo-se no éter.

Chegará o momento em que tudo em mim é libertação.

Sem os aguilhões da carne.

Sem os gritos esfaimados dos desejos.

Sem o fantasma de sombra do meu corpo contra a luz.

Sem os olhos fatigados das mesquinharias da vida.

Sem a miséria e a fraqueza de uma humanidade precária.

Respirarei outro oxigênio.

Nutrir-me-ei de outras substâncias.

Porque o puro espírito virá habitar em mim

e eu nele habitarei para sempre.


Do livro Vozes Íntimas

©2023 – Todos os direitos reservados. Permitida a divulgação, desde que citada a autoria.


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